No começo de julho deste ano, foi revelado pelo Stramlabs e pelo Stream Hatchet que o Twitch quebrou mais um recorde de horas assistidas de conteúdo: o aumento foi de 83,1% em relação ao ano passado.
Obviamente, a condição de confinamento durante a pandemia deu um “empurrãozinho” nas transmissões de jogos, mas parte dessa adesão pode vir para ficar até mesmo depois da superação deste momento no mundo.
O número do Twitch impressiona não apenas porque o trimestre passado já tinha registrado um recorde de audiência na plataforma: a divulgação dos bons números veio poucos dias depois de um anúncio negativo da Microsoft. A gigante de tecnologia anunciou no dia 23 que estava encerrando a atividade no Mixer, uma plataforma similar ao Twitch, na qual influenciadores disputavam por atenção enquanto jogavam.
Até aí, tudo bem. O Mixer dificilmente poderia ser considerado um prodígio do ramo em que atuava se comparado ao Twitch ou ao YouTube Gaming. É claro que o fracasso foi sentido depois de a empresa torrar US$40 milhões na contratação de Richard Tyler “Ninja” Blevins e Michael “Shroud” Grzesiek – além de ter considerado contratar também o youtuber PewDiePie.
A parte realmente surpreendente no abandono do barco do Mixer foi a comunicação de que todos os produtores de conteúdo da empresa migraram para o Facebook Gaming.
Briga de cachorro grande
Os jogos sociais são um fenômeno recente, mas muito forte no mundo atual – e vai muito além da comunidade gamer de consoles. Na verdade, o nome “jogo social” não é muito preciso, mas geralmente se refere aos jogos online em redes sociais, em que o modo multijogador interativo é importante.
Depois do naufrágio da Mixer da Microsoft, podemos afirmar que as redes sociais para jogos e transmissões streaming, hoje, concentram-se em três grandes empresas de tecnologia: Google, Amazon e Facebook – a Amazon é a controladora do Twitch e a Alphabet (empresa-mãe do Google) é dona do YouTube Gaming.
Se o Twitch é o campeão de audiência e nasceu enraizado na proposta de transmitir jogos para aficionados, o Facebook vem correndo por fora, com uma comunidade de usuários que atinge literais bilhões de pessoas – e muita capacidade para investir numa estrutura de interação do streaming, baseada em jogos internos e externos.
Por outro lado, o Facebook vem encontrando dificuldades em publicar seu aplicativo do Facebook Gaming na App Store. Até o momento, a distribuidora de aplicativos da Apple vetou a publicação do programa pelo menos cinco vezes. É uma verdadeira guerra entre as empresas de tecnologia.
Estado atual
Quando grandes empresas de tecnologia brigam, alguns resultados podem ser observados. A cópia generalizada das funções que funcionam e o descarte do que é percebido como supérfluo acontecem rapidamente.
Outro resultado comum é a criação de uma porção de inovações, empurradas em conjunto sobre os consumidores. Em resumo, podem estar vindo grandes mudanças na maneira como se joga socialmente e como se assistem transmissões das diversões.
O Twitch é a atual plataforma que lidera em horas de vídeos assistidas. Ela tem algumas vantagens óbvias: o DNA de transmissão de jogos desde sua criação, uma comunidade de gente realmente interessada e familiarizada com a mecânica da plataforma.
Além disso, ela tem os criadores de conteúdo mais “chavosos”. Não importa o quanto os rivais invistam para atrair streamers, o Twitch segue sendo o mais “legal”. Por outro lado, essa é uma fraqueza da plataforma: o sistema ruim de recomendações e de apresentação de novos nomes. É preciso ser grande dentro da plataforma para ter alguma chance de expandir ainda mais sua audiência.
Nesse aspecto, o YouTube tem algoritmos mais eficientes em personalizar as recomendações, sem precisar apostar só nas opções mais populares para impulsionar tráfego.
Enfim, ainda tem muita coisa a digerir na absorção do Mixer pelo Facebook Gaming. Resta saber se a transferência de pessoal será um bom alimento à rede social de Mark Zuckerberg.