Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage chegou oficialmente como um update do clássico VF5, trazendo consigo o aguardado modo online World Stage, onde os jogadores finalmente podem se enfrentar em partidas ao redor do mundo. Mas será que a nova versão realmente entrega algo interessante? É isso que vamos discutir na review do Portal Viciados, feita por mim, Rafael Boaventura Vieira.
Índice da review de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage
Onde Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage foi executado?
Vamos começar nossa análise demonstrando o hardware e periféricos onde o Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage foi testado. Para tal, foi utilizado um PlayStation 5 Slim, conectado a um monitor LG Ultragear de 24 polegadas com resolução 2K – 2560×1440 – e 144Hz de taxa de atualização, com suporte ao HDR10. A conexão foi feita com o cabo HDMI 2.1 original do PS5.
Uma breve recapitulação da franquia Virtua Fighter
A história de Virtua Fighter começa em 1993, quando a SEGA AM2, liderada pelo lendário Yu Suzuki, lançou o primeiro jogo da série nos arcades japoneses. Foi um marco absoluto: o primeiro jogo de luta totalmente em 3D da história. Enquanto Street Fighter II e Mortal Kombat ainda apostavam em sprites 2D, Virtua Fighter apresentava modelos poligonais completos.
O título nasceu de uma ambição da SEGA de mostrar o poder de sua nova placa Model 1, e serviu quase como uma “vitrine tecnológica” para os arcades e o futuro da indústria.
Com o sucesso nos arcades, Virtua Fighter logo virou sinônimo de realismo e precisão. A cada nova versão, Virtua Fighter 2, 3, 4 e Virtua Fighter 5, a SEGA aprimorava a física, animações e sistemas de movimento, tornando-o o jogo de luta mais técnico do mercado.
Yu Suzuki costumava dizer que o objetivo era fazer um “simulador de artes marciais”, e não apenas um jogo de luta. Cada personagem tinha um estilo real de combate, como aikido, jeet kune do, taekwondo, judô ou bajiquan, representado com impressionante fidelidade.
Desempenho geral de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage no PlayStation 5
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage, mesmo em sua versão Beta que também consegui testar a alguns meses atrás, rodou de forma bem estável no PS5, mantendo sempre a marca dos 60 quadros por segundo, sendo extremamente raro os momentos de queda para menos desta faixa.
Tanto no modo arcade, quanto nos modos com foco no multijogador como o próprio World Stage, o desempenho se demonstrou bem sólido, mesmo com diversos elementos animados no cenário e a resolução alta, que aqui parece estar sempre em 4K, com exceção da cutscene de abertura, que está um pouco embaçada.
Detalhamento e customização dos personagens
Este é um ponto interessante a comentar. Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage traz os clássicos personagens, como o Akira da imagem acima, porém com detalhes aprimorados, ficando ainda mais realistas, mas sem perder o charme de ser um videogame, e isso é muito bom.
Mesmo sendo um jogo de luta com personagens realistas, ainda é perceptível que o estilo arcade está aqui, não é nada foto-realista, não é como se eu estivesse jogando um filme, e isso é bom, pois mantém viva a essência original da franquia que sempre seguiu um rumo mais arcade e com cores vivas.
Você ainda pode personalizar seus lutadores, trocando roupas completas ou personalizando determinadas partes, como faixas, camisetas, calças, que são ganhas conforme avança no game, principalmente no modo online, mas por padrão, o jogo já te entrega visuais diferentes para os personagens.
Gráficos, ambientação e arenas
De uma forma geral, Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage apresenta gráficos bonitos, com iluminação dinâmica, reflexos pontuais que dão mais vida às arenas e cores vibrantes que ajudam a destacar cada detalhe.
Porém, ao observar com mais atenção, percebemos que alguns elementos visuais carecem de um refinamento maior. Há momentos em que as sombras parecem ausentes, o que deixa determinadas cenas com aspecto artificial ou pouco natural.
Falando especificamente dos reflexos, eles realmente enriquecem o visual, mas apenas em certos cenários. Um exemplo claro é a arena da Grande Muralha da China, onde o chão, que deveria representar pedras cobertas por uma fina camada de água, acaba apresentando um reflexo opaco, quase como se fosse água suja, o que quebra um pouco a imersão.
Veja abaixo:
Somado a esse detalhe dos reflexos, há também um problema com as sombras e a oclusão de ambiente em algumas arenas. Certas pedras soltas no cenário, por exemplo, não recebem sombra alguma, o que faz parecer que o personagem está flutuando sobre elas.
Confira:
Embora a sombra do personagem seja projetada corretamente e atinja as pedras, o cenário em si carece de oclusão de ambiente, o que seria essencial para criar profundidade e contato visual entre o chão e os elementos do ambiente. Um bom exemplo é próximo ao pé do Akira, onde o efeito simplesmente não existe.
No entanto, esse problema não se limita apenas à arena da Grande Muralha. Em outras, como na Shrine, uma bela construção japonesa cercado por sakuras e elementos típicos da cultura local, também é possível notar falhas visuais.
Durante a transição inicial que apresenta o adversário, a vista aérea mostra um campo com poucos detalhes, já que fica completamente sem sombras, o que quebra um pouco da imersão.
Dê uma olhada:
Tá certo… está sob a água, mas mesmo assim, não há nenhum efeito em nenhum dos quatro lados da arena, dando a impressão de que ela está flutuando sobre o lago. Detalhe… não é a versão beta, que também contava com este problema, e estamos jogando no único modo do PlayStation 5, não há modo desempenho.
Mas veja bem, eu não estou condenando o Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage por causa disso, é somente uma crítica construtiva a elementos que estão passíveis de polimentos mais detalhados. Ao considerar o conjunto como um todo, são cenários bonitos, principalmente aqueles que se passam durante a noite.
Os cenários mais fechados e noturnos como Snow Mountain, que se passa em cima do que parece uma estação de esqui, possuem detalhes que se destacam, já que as sombras estão bem mais acentuadas.
Veja abaixo:
A iluminação atinge o cenário com mais intensidade, e este reflexo leve complementa tudo, como se a arena estivesse descongelando a partir de uma fina camada de neve, já que é a premissa desta. Outras arenas também se destacam por alguns elementos destrutíveis no cenário.
Gameplay e modo online: World Stage
A gameplay de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage mantém a essência clássica da franquia, sendo precisa, técnica e exigente. Mesmo sendo um jogo de luta com estilo arcade, ele não é para qualquer um.
Esqueça aquele ritmo acelerado e a abordagem acessível de títulos como Mortal Kombat ou Super Smash Bros.; aqui, cada lutador possui um peso, tempo e resposta únicos, o que exige um verdadeiro estudo dos personagens antes de se aventurar nas partidas mais difíceis.
Saber como se comportar na arena e o domínio do tempo de reação são fundamentais. O sistema se baseia em apenas três botões principais, soco, chute e defesa, mas a profundidade tática que surge dessas combinações é o que diferencia Virtua Fighter de qualquer outro jogo de luta do mercado.
O modo arcade do Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é um excelente para quem deseja testar as próprias habilidades e compreender a mecânica de combate do jogo. À medida que você avança, percebe que esmagar botões não leva a lugar algum, é necessário dominar o espaço, o tempo de resposta e o contra-ataque.
Conforme o jogador sobe de nível, novos combos e ramificações na árvore de comandos são desbloqueados, incentivando o aprendizado constante. O ponto alto e mais complicado do modo arcade é o confronto com Dural, a icônica antagonista da série, uma misteriosa lutadora biomecânica de corpo metálico criada pela organização Judgement 6.
Dentro do contexto da franquia, Dural representa a síntese de todos os estilos de luta, tornando-se um verdadeiro teste de habilidade e paciência para qualquer jogador. Em resumo, ela é uma androide, mas você também pode jogar com ela para competir com seu amigo por exemplo, já que possui multiplayer local.
Já o principal modo online, chamado de World Stage, é a grande novidade desta edição. A ideia é conectar jogadores do mundo todo em um sistema ranqueado e dinâmico, com recompensas que vão desde itens cosméticos até novos comandos para o lutador escolhido.
A proposta deste modo em si, e do modo online do jogo no modo Torneio, ou em partidas versus, é excelente e realmente amplia o fator de longevidade do título, mas infelizmente sofre com problemas de balanceamento e matchmaking.
É extremamente comum jogadores novatos enfrentarem adversários de níveis altíssimos, às vezes com cinco barras de dificuldade, sendo derrotados em questão de segundos, assim como eu fui.
Essa falta de critério para as partidas do modo multijogador online acaba frustrando quem está começando e só quer se divertir, já que a curva de aprendizado, que já é naturalmente alta, se torna punitiva, com gente que é praticamente fissurada neste modo.
Outro ponto negativo é a ausência de penalidades para quem abandona a partida no meio do confronto. Isso mesmo, você pode sair do jogo, fechar o jogo no console ou PC que nada vai acontecer.
Isso gera situações frustrantes, especialmente em partidas ranqueadas, nas quais o jogador que permanece até o fim acaba sem recompensa alguma. O jogador pode simplesmente querer desconectar a internet e sair ileso.
Apesar disso, quando as partidas funcionam bem, o sistema de rede é estável e fluido, permitindo duelos precisos e complexos, com uma excelente taxa de quadros e resposta precisa aos comandos.
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage, mesmo com os comentários sobre seus gráficos, brilha justamente nesse equilíbrio entre rigor técnico e emoção competitiva, mas ainda precisa de ajustes para tornar a experiência online tão refinada quanto sua jogabilidade offline.
Áudio e localização
Por mais que Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage seja uma celebração de um dos jogos de luta mais influentes da história da SEGA, seu setor de áudio acaba entregando uma das partes menos polidas deste título.
Assim como nas versões anteriores Virtua Fighter 5 (2006, PS3/Arcade), Final Showdown (2012, PS3/X360) e Virtua Fighter Ultimate Showdown (2021, PS4), os personagens mantêm suas falas originais em japonês ou inglês, sem opção de dublagem em outros idiomas. Até aí, nada de incomum, o problema é que, em R.E.V.O., o áudio das vozes é extremamente comprimido e abafado, destoando da nitidez das músicas e dos efeitos de impacto durante os combates.
Essa diferença na qualidade sonora é perceptível logo nas primeiras partidas, especialmente nas apresentações dos lutadores e nas provocações de vitória. É provável que, por se tratar de um remaster em cima de outro remaster, a equipe da SEGA AM2 não tenha tido acesso completo aos bancos de áudio originais, o que explicaria a compressão excessiva e a limitação na faixa de frequência das vozes.
Isso acaba ficando um tanto quanto estranho, já que temos trilhas sonoras remixadas e potentes convivendo com falas que parecem ter sido extraídas de um arquivo antigo e sem tratamento. Para um projeto que busca trazer Virtua Fighter 5 para a atual geração, ele peca neste quesito.
Em compensação, a localização para o Português do Brasil é uma adição muito bem-vinda. As legendas estão presentes em todos os menus e modos de jogo, tornando a experiência mais acessível. No entanto, a tradução peca em alguns pontos: há erros de ortografia, espaçamento irregular entre palavras e pequenas falhas de acentuação, que indicam uma revisão apressada do texto final.
Ainda assim, é importante destacar que esses erros são facilmente corrigíveis por meio de patches, e não comprometem a jogabilidade em si. Considerando o histórico da SEGA com atualizações de seus jogos de luta, é bem possível que essas correções cheguem nas próximas semanas.
Veja abaixo um exemplo, nas opções temos “Brilha da tela“, no menu principal de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage:
Visão geral e nota de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage
No geral, Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é, sem dúvida, um excelente jogo de luta, e prova disso é a forma como consegue equilibrar complexidade técnica e precisão nos comandos, algo que poucos títulos do gênero conseguem fazer com tamanha consistência.
A sensação de controle absoluto sobre o personagem, a profundidade das lutas e o ritmo cadenciado das partidas reforçam por que Virtua Fighter continua sendo uma referência entre os fãs mais exigentes.
Ainda assim, é impossível ignorar alguns pontos que precisam de ajustes urgentes: gráficos irregulares, áudio defasado e principalmente um modo online desbalanceado, que pode frustrar jogadores iniciantes e até veteranos em busca de partidas mais equilibradas.
Mesmo com esses problemas, essa nova proposta funciona como uma carta de amor à franquia e, acima de tudo, um convite para revisitar suas origens com uma roupagem moderna. Portanto, a nota final de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é 8: Um retorno a Virtua Fighter e às origens da série, mas com elementos precisando de polimento!
Agradecemos ao pessoal da SEGA e TheoGames pelo envio da key do Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage para a elaboração desta review!
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