Chegando para dar uma nova vida ao clássico RPG de 2011 do PS3, Tales of Xillia Remastered traz consigo aprimoramento nos gráficos, em mecânicas de gameplay, além de trazer todo seu conteúdo lançado anteriormente para o PS5. Mas será que realmente é um remaster bom? É o que vamos descobrir na review de hoje, sem spoilers da história.
Índice da review de Tales of Xillia Remastered
Onde Tales of Xillia Remastered foi executado?
Vamos começar nossa análise demonstrando o hardware e periféricos onde o Tales of Xillia Remastered foi testado. Para nossos testes, foi utilizado um PlayStation 5 Slim, modelo com mídia física só para efeitos de curiosidade, conectado a um monitor LG Ultragear de 24 polegadas com resolução 2K – 2560×1440 – e 144Hz de taxa de atualização, com suporte ao HDR10. A conexão foi feita com o cabo HDMI 2.1 original do PS5.

Desempenho geral e recursos no PlayStation 5
Ao longo das análises que eu, Rafael Boaventura Vieira, fiz, a parte do desempenho geral do game sempre foi uma das mais técnicas, afinal, gosto de avaliar como o jogo se comporta na plataforma em que foi testado. Com Tales of Xillia Remastered, não poderia ser diferente.
Falando do desempenho, o título apresenta excelente estabilidade, o que já era esperado por se tratar de um jogo relativamente leve para os padrões do PlayStation 5. O visual mais desenhado, que lembra produções como Persona dos tempos de PS2 e PS3, permite que o game rode de forma consistente a 60 quadros por segundo, com raríssimos momentos de queda. A constância de desempenho está, de fato, muito redondinha.
Por outro lado, quando o assunto é HDR, Tales of Xillia Remastered deixa a desejar. O recurso não afeta apenas o brilho, mas também o contraste e a saturação, o que ajuda a intensificar sombras e realçar cores, algo que enriqueceria ainda mais o estilo visual anime deste remaster.

Assim como em Digimon Story Time Stranger, outro título recente da Bandai que analisamos, a desenvolvedora optou por não incluir suporte a HDR nesta versão para PS5, e nem mesmo na edição para PC via Steam. É certo que o jogo original de PS3 não possuía o recurso, mas adicioná-lo aqui teria sido uma forma simples e eficaz de modernizar a apresentação visual.
Vale ressaltar que isso não é exatamente uma crítica, mas sim uma observação construtiva. O HDR só faz real diferença em telas compatíveis com a tecnologia, como o monitor utilizado nos testes, mas sua ausência ainda é perceptível para quem busca a melhor experiência visual possível. Por fim, quando falamos em resolução, ao que tudo indica, Tales of Xillia Remastered busca atingir os 4K, onde tudo está nítido, mesmo possuindo serrilhado.
Comparativo com a versão de PlayStation 3
Para que esta review mostrasse os dois lados de forma justa, utilizei a versão digital de Tales of Xillia no meu PlayStation 3 Super Slim, aquele modelo com tampa deslizante no compartimento de Blu-Ray. Conectado a uma placa de captura no PC, foi a partir dessa configuração que realizei o comparativo com a nova versão remasterizada.

Para mostrar a imagem no PC, utilizei o OBS Studio para receber a imagem da placa de captura que está ligada no HDMI do PS3 e no HDMI do segundo monitor para servir de gameplay em tempo real e não somente o retorno do programa.
Veja abaixo e arraste para o lado:
Quando falamos sobre as diferenças entre as versões, é importante deixar claro que Tales of Xillia Remastered não é um remake, e sim uma remasterização. Em outras palavras, é o mesmo jogo lançado em 2011, mas com aprimoramentos significativos em diversos aspectos, como resolução, efeitos visuais, partículas e, principalmente, desempenho.
No PlayStation 5, Tales of Xillia Remastered roda em 4K e 60 quadros por segundo estáveis, oferecendo uma experiência muito mais fluida e nítida. Já a versão original de PlayStation 3 buscava atingir 30 quadros por segundo em 720p (1280×720), o que era o padrão da época. Vale lembrar que o PS3 tinha uma arquitetura complexa para programar (CELL), o que tornava o desenvolvimento de jogos mais desafiador.
Para fins de comparação, títulos da mesma geração, como GTA IV, nem mesmo alcançavam 720p, rodando em 1152×640, uma resolução conhecida como sub-HD. Isso reforça o salto técnico oferecido por Tales of Xillia Remastered, que consegue preservar a essência do original enquanto entrega um desempenho moderno e estável.

Com isso em mente, podemos iniciar o comparativo pela cena de abertura em anime. Para contextualizar o jogador, a Bandai Namco produziu uma introdução em animação que funciona como um prólogo à história principal, apresentando brevemente os personagens e o mundo de Tales of Xillia antes da ação começar.
No PlayStation 5, o resultado é impressionante: a imagem é limpa e vibrante, passando a sensação de estar assistindo a um anime na Crunchyroll, e não apenas a uma cutscene de jogo. Mesmo que o vídeo não esteja em 4K nativo, o aprimoramento de nitidez faz com que o resultado final seja muito mais agradável aos olhos.
Já em 2011, o cenário era bem diferente. Por conta da resolução limitada em jogos do PlayStation 3, essas sequências animadas sofriam com borrões, ruídos visuais e cores menos saturadas, resultando em uma aparência mais opaca e com menor definição. É possível notar claramente a diferença. Veja abaixo a comparação capturada no PlayStation 5:

Agora, veja a versão original do PS3:

A diferença entre as duas versões é claramente perceptível. Mesmo que Tales of Xillia original rode em 720p, a captura final feita através da placa de captura aparece em 1080p, devido à interface do console, que opera em Full HD. Ainda assim, ao observar diretamente no monitor do PlayStation 3, é possível notar que a imagem real é exatamente a mesma exibida acima.
Existem momentos em que esse contraste entre as versões fica ainda mais evidente. Um bom exemplo é o primeiro ponto de salvamento manual, representado pelo tradicional livro do jogo. No PS3, o cenário apresenta sombras mais claras e menos definidas, enquanto os efeitos de iluminação têm alcance limitado, não cobrindo o personagem por completo.
Já no PlayStation 5, Tales of Xillia Remastered aprimora significativamente esses aspectos visuais. A iluminação é mais viva e detalhada, com um leve efeito de bloom que adiciona profundidade sem exageros, e as sombras internas ganham densidade e definição. O resultado é um ambiente mais equilibrado e agradável visualmente. Confira a comparação abaixo:

Agora a versão de PS3:

A Bandai fez um belo trabalho de revitalização neste título para o PS5.
Gráficos remasterizados…
Um dos pontos mais notáveis em Tales of Xillia Remastered é o cuidado visual aplicado à nova versão. Mesmo sem ser um remake, o salto gráfico é evidente, especialmente no contraste mais equilibrado e nas texturas muito mais definidas.
Os personagens agora apresentam traços mais limpos, com contornos refinados e modelagem que realça bem o estilo artístico característico da série, trazendo uma nitidez a mais em relação ao PlayStation 3.
Os cenários também ganharam nova vida, com destaque para elementos naturais, como a água, que agora exibe reflexos mais realistas, leve transparência e animações mais fluidas, algo que contribui bastante para a imersão.

Além disso, os efeitos visuais durante os combates, como os feitiços, golpes especiais e ataques em grupo estão mais vivos, com maior intensidade luminosa e colorações mais vibrantes, tornando as batalhas ainda mais dinâmicas de assistir.
É verdade que, ao observar com atenção, ainda é possível encontrar texturas pontuais em baixa resolução e sem uma filtragem de texturas adequada, principalmente em objetos de fundo ou superfícies menos relevantes, mesmo que notório na maior parte do tempo. Além disso, a falta de um anti-serrilhado decente faz com que ocorra cintilação em algumas texturas mais distantes.
Porém, isso não chega a comprometer a experiência de Tales of Xillia Remastered de forma alguma. Pelo contrário, o trabalho de remasterização entrega um resultado consistente e visualmente agradável, mantendo o charme original e elevando o padrão técnico para os dias atuais. Por ser uma review com um teor mais técnico, não podemos deixar de comentar este quesito.
Gameplay, enredo e combate
Em termos de jogabilidade, Tales of Xillia Remastered mostra o quanto a Bandai Namco já dominava o gênero de RPG de ação lá em 2011. A estrutura é sólida, com uma gameplay precisa e responsiva, que combina o melhor do sistema de combate em tempo real com elementos estratégicos de turnos.

Aqui, você tem liberdade para atacar, esquivar e até correr livremente pela arena, mudando o foco entre inimigos e escolhendo o momento certo para usar as Artes, que são golpes especiais que combinam habilidades físicas com o poder dos espíritos.
O destaque dessa edição de Tales of Xillia fica para o acesso antecipado à Grade Shop, uma loja de bônus desbloqueável que agora pode ser usada logo no início do jogo. E sim, se você quiser ativar tudo de uma vez (como eu fiz, falo mesmo, fiquei apelão demais), pode se tornar um verdadeiro deus em Rieze Maxia.
É diversão garantida, especialmente para quem quer curtir o enredo sem se preocupar tanto com o desafio, tornando o combate mais fluido, direto e acessível. Mas você pode ativar e desativar os benefícios a hora que quiser.

Falando em história de uma maneira geral, sem spoilers, o jogo permite acompanhar duas jornadas paralelas, a de Milla Maxwell, uma mulher misteriosa que comanda os quatro grandes espíritos e luta pelo equilíbrio do mundo, e a de Jude Mathis, um jovem estudante de medicina que acaba se envolvendo em uma conspiração complexa.
A narrativa de Tales of Xillia Remastered é envolvente desde os primeiros minutos, construída em torno de temas como fé, responsabilidade e o peso das escolhas pessoais. O mundo de Rieze Maxia é vibrante e cheio de nuances políticas, espirituais e morais. O jogo alterna momentos de leveza e amizade entre os personagens com discussões mais sérias sobre ciência, poder e propósito, o que torna o enredo muito mais maduro do que aparenta à primeira vista.
A forma como Milla e Jude lidam com suas crenças e dúvidas é o que realmente move a trama, e acompanhar essa dualidade é o que torna a jornada tão marcante e emocional.

Ambas as perspectivas são complementares e se entrelaçam de forma natural, revelando camadas de narrativa que ainda hoje se destacam entre os RPGs japoneses.
O combate, por sua vez, continua sendo um dos pontos altos da experiência. Ele é rápido, técnico e exige bastante atenção, já que um descuido e você leva dano sem nem perceber, principalmente quando enfrenta múltiplos inimigos simultaneamente.
A sensação é de controle total, onde cada movimento conta, e pelo fato de poder mover livremente o personagem, pode testar combinações de botões para ataque, defesa e esquiva, ainda mais quando você consegue upar sua árvore de habilidades, desbloqueando algo novo e ainda mais poderoso.

Vale destacar que o ritmo das lutas e a interface de gerenciamento de habilidades lembram um pouco, em alguns aspectos, o que vimos recentemente em Digimon Story Time Stranger, especialmente no uso de itens e no estilo das habilidades especiais. É um combate que mescla a técnica clássica de JRPGs com uma fluidez moderna, e que, mesmo mais de uma década depois, ainda oferece uma das experiências mais satisfatórias da série Tales of.
Áudio, trilha sonora e localização
No quesito sonoro, Tales of Xillia Remastered mantém a essência do original, trazendo novamente as vozes em inglês e japonês, mas sem localização para o português do Brasil, nem em menus, nem em legendas.
Isso pode afastar alguns jogadores, especialmente considerando a densidade dos diálogos e termos do universo de Rieze Maxia. Ainda assim, a atuação de voz segue de altíssimo nível, com interpretações que reforçam bem a personalidade de cada personagem.
A qualidade do áudio, de forma geral, é boa, mas em alguns momentos mais intensos, especialmente em cenas de ação, nota-se uma leve compressão sonora. Esse efeito deixa certas falas um pouco mais abafadas, algo herdado diretamente da versão de 2011. Não chega a comprometer, mas é um detalhe perceptível em fones ou sistemas de som mais fortes.
Foi notório nas caixas de som que utilizo, mesmo sendo simples, são duas caixas dutadas com alto-falantes emborrachados de 6 polegadas, que oferecem graves, médios e agudos equilibrados.

Já a trilha sonora continua sendo um dos pontos fortes do jogo. As composições de Motoi Sakuraba misturam tons épicos de batalha e melancólicos, criando uma atmosfera envolvente que combina perfeitamente com o estilo anime e o ritmo dos combates.
Os temas de exploração e as músicas de cidades são confortáveis de ouvir, cheias de carisma e identidade, enquanto as canções de combate trazem energia e urgência na medida certa. O único ponto que poderia ser melhor desde o jogo original é a repetição das faixas durante as lutas, que, após algumas horas de gameplay, começa a soar um pouco repetitiva.
Visão geral e nota de Tales of Xillia Remastered
De uma maneira geral, Tales of Xillia Remastered consegue reviver este clássico do PlayStation 3 com uma boa qualidade. É uma versão que conta com mais recursos, como o personagem poder correr, 60 quadros por segundo, salvamento automático, recursos para melhorias no combate e história, como poder pular missões paralelas e secundárias, texturas e imagem mais nítidas e muito mais.
Porém, por se tratar de uma versão remasterizada ela peca em alguns pontos, principalmente na falta de uma filtragem de texturas mais aprimorada, o que faz com que algumas fiquem parecendo um borrão, igual comentei no tópico; além disso, o jogo não conta com um método de suavização de serrilhados muito preciso, o que faz com que diversos objetos fiquem com serrotes nas pontas e cintilando.

Além disso, a falta de localização para mais idiomas é um ponto de perda, pois atrairia ainda mais jogadores para este clássico do PS3. Pelo menos nenhum conteúdo foi cortado da versão original. Logo, Tales of Xillia Remastered recebe a nota 8: Uma nova vida à Tales of Xillia, mas ainda pode melhorar!

Agradecemos ao pessoal da Bandai Namco e ao pessoal da TheoGames pelo envio desta key para a elaboração desta review!
Confira também: Review de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage | Título resgata o espírito clássico, mas ainda precisa evoluir
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