Cheguei ao cinema com a expectativa lá no alto, afinal, o universo de Five Nights at Freddy’s (FNAF) tem uma legião de fãs dedicados, e o primeiro filme já havia aberto as portas para essa adaptação. O que Five Nights at Freddy’s 2 entrega logo nos minutos iniciais mostra que os produtores ouviram, e com carinho, os pedidos da comunidade: os animatrônicos estão incrivelmente fiéis, com capricho impressionante em efeitos práticos, e o visual geral evoluiu muito em comparação ao filme anterior.
Essa fidelidade visível à estética do jogo, com detalhes, texturas, movimentos e ambientação, traz de volta a sensação de nostalgia e imersão, algo essencial para quem acompanha a franquia desde 2014.
Índice da Review de Five Nights at Freddy’s 2
História, personagem e adaptação da lore

A adaptação da história da personagem Charlotte foi um acerto. Seu desenvolvimento tem peso, e as motivações e dilemas dela se encaixam bem com o que esperavam muitos fãs. A abordagem narrativa dá mais contexto emocional do que se costuma ver em filmes baseados em jogos, e isso humaniza o universo de horror sem perder sua essência assustadora.
A personagem Toy Chica, por exemplo, ganha destaque ao lado da protagonista, reforçando laços afetivos que trazem tensão e simpatia, um contraste interessante com o clima sombrio. Já a Puppet (Marionete) rouba a cena; suas aparições são carregadas de peso dramático e se tornam, sem dúvida, o “coração” emocional do filme.

Por outro lado, algumas escolhas frustram: personagens como Mangle e outros animatrônicos foram muito pouco aproveitados, apesar do destaque na divulgação. O número grande de antagonistas (Toys e Withereds) e subtramas faz com que o roteiro fique com pouco tempo para aprofundar cada parte, o que revela uma ambição grande demais para os 1h44 min de duração.
Efeitos práticos: O triunfo dos animatrônicos

Se existe um aspecto onde Five Nights at Freddy’s 2 (2025) não brinca, é no visual. Os animatrônicos estão absurdamente fiéis, ainda mais caprichados do que no primeiro longa. Cada detalhe dos Toys e dos Withereds é um presente para quem acompanha a franquia. É impressionante ver o quanto a produção dobrou a aposta nos efeitos práticos, elevando tudo o que funcionou no filme original.
- Os Toys têm presença visual impecável.
- Os Withereds, apesar de menos explorados, são assustadores e marcantes.
- O destaque absoluto é a Puppet (Marionete), dona das cenas mais emocionais e importantes do filme.

Esse comprometimento com efeitos reais dá alma ao longa e reforça a sensação de que estamos vendo “os jogos ganhando vida”, sem depender de CGI genérico.
Gore, terror e tom… a dose certa?

Os filmes de Five Nights at Freddy’s entregam em termos de “terror” e “gore”, considerando as limitações de classificação. Ele consegue manter o clima sombrio e assustador sem exagerar além do que um público mais amplo conseguiria digerir. A violência é contida, mas eficiente, o que confere credibilidade à proposta de horror sem arriscar tornar o longa pesado demais para quem foi apenas curioso assistir.
É interessante ver que a direção parece consciente do equilíbrio: sabe quando mostrar o horror e quando segurar, mantendo a tensão sem se entregar ao exagero gráfico que poderia afastar parte da audiência. Para quem esperava sangue e sustos típicos da franquia, o resultado agrada, e de forma competente.
Ritmo, cenas e sensação de “apenas arranhado”

Aqui está o maior problema de Five Nights at Freddy’s 2. A quantidade de personagens, animatrônicos e enredos paralelos, aliada à curta duração (1h44), resultou em diversas cenas corridas demais ou mal desenvolvidas.
Enquanto algumas cenas funcionam muito bem, as da Marionete, da Charlotte, da Toy Chica, outras mal têm tempo de se formar antes de ceder lugar a uma nova sequência de ação ou jump scare. A sensação é de que o filme tenta abarcar “tudo” de uma vez, mas acaba não dando tempo suficiente para respirar em muitos momentos importantes.
Essa pressa deixa lacunas: personagens subutilizados, motivações pouco claras, antagonistas esquecidos e um ritmo que, por vezes, é frenético demais. Para quem não conhece profundamente a lore da franquia, pode parecer confuso ou superficial.
Com tantos personagens, tantos animatrônicos, tantas informações de lore e tantas subtramas em Five Nights at Freddy’s 2… o resultado é uma montagem acelerada, que não deixa nada respirar.
Exemplos claros:
- Os Toys entram e saem de cena rápido demais.
- Mangle, que teve tanto destaque na divulgação, praticamente não aparece.
- Os Withereds, apesar de excelentes, também sofrem com pouco desenvolvimento.
- Algumas cenas parecem “pular” para a próxima sem transição natural.
Dá para sentir claramente que faltaram 20–30 minutos para deixar tudo mais orgânico. O segundo filme tenta fazer mais e, ao tentar abraçar demais, acaba se atropelando.
Quem vai gostar, e quem pode se frustrar

Se você é fã de Five Nights at Freddy’s desde os jogos de 2014, conhece a lore, ama os animatrônicos e aprecia adaptações que respeitam o material original, o filme tem muito a oferecer. Ele é nostálgico, cheio de referências, traz personagens queridos com dignidade e entrega horror de maneira competente.
Por outro lado, se você busca uma obra mais equilibrada, com desenvolvimento mais pausado, narrativa mais estruturada e menos dependência da nostalgia, talvez saia com uma sensação de “quase lá, mas faltou tempo”. A experiência cinematográfica acaba privilegiando fãs, e quem chega sem esse background pode sair com dúvidas ou com a sensação de ter perdido algo.
Veredito final de Five Nights at Freddy’s 2: Respeito ao material original

Five Nights at Freddy’s 2 é, antes de tudo, uma carta de amor à comunidade de fãs da franquia. Ele entrega o que promete: animatrônicos fiéis, horror bem dosado, nostalgia real e emoção em momentos chave. Isso faz com que o longa seja extremamente prazeroso para quem cresceu com os jogos, viu as teorias, acompanhou a lore e esperava por essa adaptação com o coração aberto.
No entanto, o ritmo excessivamente acelerado de Five Nights at Freddy’s 2 e a tentativa de incluir elementos demais em pouco tempo impedem que o longa alcance seu potencial máximo, especialmente para quem não conhece a lore.
Para os fãs, é um prato cheio. Para a crítica tradicional, continuará “incompreensível”. E para o cinema de adaptações de games, é mais um passo importante em direção à consolidação da franquia nas telonas.
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