O “fenômeno Premier League” nas redes sociais

Por: Luis Andrade - Jornalista e dono do Portal Viciados
7 min. de leitura

Fundada em 1992, a Premier League foi criada com o objetivo de modernizar o futebol inglês e consequentemente com a ideia ganhar o mundo do futebol. Quase três décadas após seu início como substituta do antigo campeonato inglês, hoje a Premier League é referência mundial de inovação, organização, qualidade de produto e audiência.

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“Futebol emocionante, estádios cheios e fãs apaixonados em todo o mundo — tudo isso cria uma competição vibrante, que gera um impacto econômico e social positivo nos níveis local e global”, ressalta Scott Duxbury, chefe-executivo do Watford FC, clube da Premier League.

Esse alcance local e mundial elevou a popularidade das equipes inglesas nas redes sociais. Em outubro de 2018, o IBOPE Repucom avaliou o alcance digital dos clubes ingleses e demonstrou em números o quão a Premier League é forte nas principais plataformas digitais.

Em um misto de seguidores e inscrições que reúnem Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, os seis maiores clubes ingleses (Manchester United, Liverpool, Arsenal, Chelsea, Manchester City e Tottenham) têm mais de 376 milhões de assinaturas nessas plataformas digitais, segundo o IBOPE Repucom.

Para se ter uma ideia, o Manchester United, sozinho, combina para mais de 116 milhões de assinaturas nas redes sociais. Grande parte desse sucesso do United se deve ao grande número de adeptos que a equipe tem na Ásia, continente que adotou a Premier League como uma paixão nos últimos anos.

“Muitos clubes europeus têm feito pré-temporadas no sudeste asiático para arrebatar o coração de quase 10% da população mundial que vive ali. Além disso, vários negócios são feitos entre clubes da Inglaterra e asiáticos. O Everton construiu acordo com a cerveja tailandesa Chang, uma potência na Ásia. O Chelsea fechou com a Samsung. O empresário tailandês Thaksin Shinawatra assumiu o controle do Manchester City. E por aí vai”, destaca Rodrigo Bueno, jornalista da Fox Sports.

Esse alto alcance mundial das equipes inglesas nas redes sociais, além de influenciar na venda de produtos oficiais dos times, também se reflete em outros mercados que envolvem a primeira divisão do futebol inglês. As apostas na Premier League, por exemplo, impressionam por sua grande liquidez de mercado — uma das maiores do setor esportivo. Em outras palavras, poucos campeonatos tem tanto público nesse ramo.

Mas quais são os principais motivos que levam a liga inglesa a ser tão popular em vários países do mundo?

Alto poderio financeiro e equilíbrio na distribuição do dinheiro

Na temporada de 2017/2018, a Premier League distribuiu R$ 12 bilhões aos clubes da primeira divisão, um valor que nenhuma liga do mundo consegue igualar. Além disso, o equilíbrio na distribuição do dinheiro aos clubes é uma das chaves do sucesso da elite do futebol inglês.

O West Bromwich, por exemplo, que terminou a temporada passada na última posição, recebeu 63% do que arrecadou o campeão Manchester City. Esse equilíbrio financeiro possibilita que clubes considerados médios façam grandes contratações e assim eleve a qualidade do jogo.

Segundo o português José Mourinho, técnico tricampeão inglês com o Chelsea e com recente passagem pelo Manchester United, a Premier League é um dos campeonatos mais difíceis de conquistar, pois há muitos times que são capazes de brigar pelo título — o que não ocorre em outros grandes centros.

“Você vai para a Espanha e há dois grandes clubes (Barcelona e Real Madrid). Você vai para a Alemanha e tem um grande clube (o Bayern de Munique) e um pouco mais. Na Itália, no momento, há uma grande equipe (Juventus), embora, obviamente, mais de um grande clube. Então é mais fácil ter sucesso nesses países”, afirma o português.

Jogos intensos e recheados de qualidade técnica

Historicamente, a Premier League proporciona partidas de alto nível de alta intensidade e com poucas faltas, deixando as partidas mais dinâmicas e emocionantes. Mas tudo isso sem deixar de lado a alta qualidade técnica que é proporcionada por jogadores das principais seleções do mundo.

A chegada de Pep Guardiola ao comando do Manchester City, em 2016, elevou ainda mais o status do bom futebol que é praticado na Inglaterra. Com estilo de muita posse de bola e jogo extremamente técnico, o treinador espanhol é o atual campeão inglês, conseguiu deixar sua marca em pouco tempo no clube de Manchester e aumentou a popularidade do time no exterior e nas plataformas digitais.

“A Inglaterra é um lugar especial e é tão difícil. Você nunca sabe se vai ganhar, mas eu não tinha dúvidas do que tinha que fazer. Você ganha ou perde, você tem que tentar e fazer o que você acredita. Tornar títulos consecutivos nesta liga será difícil, mas aceitamos o desafio”, disse Guardiola em entrevista para o site da Premier League.

A força do Facebook

O Facebook é a plataforma mais forte para distribuir conteúdo para os clubes da Premier League. Dos 400 milhões de seguidores em redes sociais de todos clubes da Premier League somados, 257 milhões estão ativos no Facebook. Isso também explica por que as postagens no Facebook geram mais interações entre as três principais redes sociais.

O Twitter com 73 milhões (envolve todos seguidores dos times da primeira divisão) e o Instagram com um público geral de 69 milhões também são fortes, mas não atingem o mesmo nível que o Facebook tem em termos de interação com os usuários.

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