O mercado de game-coins voltou aos holofotes depois que cinco projetos de baixa capitalização, Metacade (MCADE), Xai (XAI), Gods Unchained (GODS), Pixels (PIXEL) e Neuron (NRN), entregaram ganhos semanais entre 76% e 85%. O salto aconteceu em maio e foi confirmado pelo tracker da CoinGecko.
A empresa também apontou o MCADE negociado a US$0,047 e capitalização de apenas US$35 milhões, o que ajuda a explicar a volatilidade explosiva do ativo. XAI, por sua vez, avançou 84,5% no mesmo intervalo ao se firmar como a primeira solução de camada 3 sobre a Arbitrum dedicada a jogos.
Embora esses números façam brilhar os olhos de qualquer trader, eles não surgem no vácuo. Dados do Relatório da Indústria de Dapps 2024, da DappRadar, revelam que os jogos em blockchain responderam por até 29% de toda a atividade on-chain no ano passado, uma fatia superior aos 26% registrados em 2023.
Eles também movimentaram mais de 5,7 bilhões de transações em doze meses. A mesma publicação contabilizou 7,4 milhões de carteiras ativas exclusivas por dia, um avanço impressionante de 421% na comparação anual. No Brasil, esse aquecimento encontra um ambiente perfeitamente adaptado.
O país já é o maior mercado de games da América Latina, com receita estimada em US$2,57 bilhões, segundo a consultoria Newzoo. A Pesquisa Game Brasil indica 94,7 milhões de jogadores, metade deles mulheres, um público que navega entre o casual mobile e o consumo de experiências hardcore em PC e console.
O que está por trás da onda de valorização?
Três motores alimentaram o rally. O primeiro é infraestrutura, já que redes de segunda e terceira camadas cortaram taxas e atrasos, tornando as micro-transações de jogos mais baratas que um café expresso. A migração do Pixel Dungeon para a Ronin Network ilustra como a escolha da sidechain certa pode redistribuir tráfego quase instantaneamente.
Em segundo lugar vem a integração com IA. Metacade colocou o pé na porta ao remunerar desenvolvedores que aplicam inteligência artificial em títulos play-to-earn, criando um círculo de inovação e distribuição de tokens.
Por fim, os airdrops orientados a engajamento, tarefas como “flertar” com NPCs movidos a IA em troco de PIXEL gratuito, reacenderam a febre nas redes sociais, ampliando a base de usuários mesmo entre quem nunca havia comprado criptomoedas. Então, a popularização de tokens ligados a jogos não fica restrita ao universo gamer.
Cada vez mais brasileiros que negociam essas game-coins descobrem, em seguida, as vantagens de apostar usando cripto assets. Não se trata apenas de videogame ou jogos de cassino. A paixão nacional, o futebol, e outros esportes, também tem sua parcela nesse mercado que não para de crescer.
É possível fazer apostas esportivas com criptomoedas em plataformas confiáveis, converter saldos em BTC, USDT ou até mesmo em tokens de jogos antes de dar o primeiro palpite. Isso em um país em que 15% da população faz ao menos uma aposta online, contra apenas 4%, segundo o 8º Raio-X do Investidor Brasileiro da Anbima, que investiram em criptoativos tradicionais, significa muito.
Mais do que meio de pagamento, alguns tokens de jogos começam a servir como “fichas” dentro de plataformas de fantasy sports e odds turbinadas por recompensas play-to-earn, aproximando mundos que antes pareciam distantes.
Por que esse quadro importa ao público brasileiro?
Além de gamer, o brasileiro é cada vez mais investidor de varejo em cripto, vide o salto de exchanges locais no último ciclo de alta do Bitcoin. A conjunção desses perfis explica por que game-coins ganham tanta tração nas redes sociais nacionais. Quando um título play-to-earn viraliza no TikTok ou no Discord, a compra do token vira rito de passagem.
Dado que grande parte dessas moedas serve tanto como item de jogo quanto como ativo negociável, o investidor precisa avaliar se o projeto terá fôlego para manter usuários ativos depois da fase de lua de mel.
Em outras palavras, o novo pico de 80% em sete dias acendeu os refletores sobre um nicho que, apesar de pequenos em valor absoluto, já movimenta uma grande fatia da atividade em blockchain. Os atrativos são claros. Depósitos com cripto chegam em segundos, escapam de tarifas bancárias e dispensam intermediários internacionais.
Não por acaso, o mercado de apostas movimenta hoje cerca de R$120 bilhões por ano no Brasil, com picos de R$30 bilhões por mês em 2025, segundo dados do Banco Central à CPI da Manipulação de Jogos.Já em questão de regulamentação, aprovada em dezembro de 2023, a Lei 14.790 enquadrou apostas de quota fixa como atividade regulada, exigindo que pagamentos passem por instituições credenciadas junto ao Banco Central. O texto não proíbe explicitamente criptomoedas, mas, ao priorizar “contas transacionais”, empurra as casas a usar gateways que façam a conversão instantânea de cripto para reais.